terça-feira, 28 de abril de 2009

Amor, Que Não é Mera Palavra

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Desempregado, cansado,
Suado, sujo, um dia inteiro na rua esperando o tempo passar,
Sem poder voltar logo pra casa,
Doente, com febre e tossindo muito.
Exausto.
Foi assim que eu cheguei na sua casa no fim da tarde.
Você me levou para tomar um banho, me emprestou roupas limpas.
Trouxe um comprimido contra a febre e mel contra a tosse.
Eu me deitei ao seu lado naquela cama apertada,
Você me abraçou e me beijou carinhosamente.
Eu adormeci em seus braços.
Horas depois não tossia mais e já estava melhor.
Acima de tudo, tinha a minha saudade saciada.
Eu lhe adoro, meu amor.
Você cuida de mim a cada dia,
Você, meu remédio e meu alento,
A melhor parte de mim que se transforma em poesia por minhas mãos.

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Por Raphaël Crone.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Uma Rendição

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[ A ponta dos seus dedos pela minha pele,/ As palmeiras balançando ao vento,/ Imagens./ Você me cantava músicas de ninar espanholas,/ A mais doce tristeza em seus olhos,/ Truque inteligente./ Eu nunca quero te ver infeliz,/ Eu pensava que você quisesse o mesmo pra mim./ Adeus, meu quase amante,/ Adeus, meu sonho sem esperança./ Estou tentando não pensar em você./ Você não pode apenas me deixar?/ Adeus, meu romance sem sorte,/ Virei minhas costas pra você./ Eu devia ter sabido que você me traria dor,/ Quase amantes sempre trazem. ] * [ A Fine Frenzy ]


Eu estou partindo neste momento,
O meio-dia é morto.
Eu estou mudando o meu modo de enfrentar a vida.
Por você, amor.
Eu estou deixando de justificar os meus erros,
Estou aceitando as suas justas reprimendas por meu comportamento injusto
E estou abandonando a minha ira descabida.
Estou soltando das mãos de um ciúme intolerante
E resignando-me a pensar antes de dizer palavra
Ao invés de sentir antes de proferir palavra.
Estou reformulando-me. Por você.
Porque você não é o meu quase amante.
Você é o meu coração e o meu sorriso.
Eu poderia distarciar-lhe se assim não fizesse
Quando, realmente, tudo o que eu mais quero é segurar-lhe firmemente em meus braços.
Eu aceito o seu amor e baixo as minhas reservas.
Eu pisoteio a minha efêmera e brutal humanidade,
A violência impressa em minha raiva e em minha angústia.
Deixo de vitimizar-me e de espezinhar-lhe.
Eu me desculpo, amor, porque você é o romance que a vida me mandou.
Um por eternidade. Você, o meu romance de eternidade.
Dou adeus a um eu incoerente para não dizer adeus a você,
Por muito lhe amar,
Por você ser apenas e simplesmente o meu coração,
Sem o qual, piegas que sou, jamais poderia voltar a viver.

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Por Raphaël Crone.

domingo, 12 de abril de 2009

O Rasgo

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O rasgo acontece por que tem que acontecer:
Coesão inadequada e inadvertidamente ineficaz dos tecidos,
Pano de remendos.
Um fio que de tênue deixa de ser fio para ser fiapo,
Menos fio que um simples fio de cabelo,
Que é tudo menos simples, visto que é vivo.

Sentimentos são feitos de pano, eu penso.
Se rasgam e se costuram, remendos indissolúveis.
Sentimentalidades remendadas.

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Por Raphaël Crone.