quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sombria Chama do Desejo



Meus olhos semicerrados contemplam a escuridão dos teus olhos,
Envoltos pela baça luminosidade de velas silentes.
Cabelos desalinhados, sussurros de alcova, alguma voz exprimindo francesismos no velho rádio ao pé da cama.
Meus braços frouxamente enlaçados em seus abraços,
Minhas mãos mal tocando suas costas,
Meus lábios tremendo, como que tiritando de um frio imaginário.

Lençóis, ora alinhados, desfeitos, como desfeitos vagam meus pensamentos,
Um oceano de vaporosas sombras perpassam minha mente,
Brumas que cercam meu consciente: id, ego, superego,
Que fenecem como flores no inverno diante da escuridão de teus olhos.
Olhando, como que hipnotizado, abraços rotos, andrajos de uma história que se desfaz,
Pedaços de mim que se despem diante do toque morno dos teus lábios.

Abduzido para dentro da tua alma elétrica; aquecido, enlevado, mesmerizado: mesmo contra vontade, lançando fora gotas de juízo, escudos e máscaras,
Desprotegido diante de tua graça, como que entregue, servindo a quem vence, o vencedor. Vã tentativa de me desprender de teus braços, uma entrega por vontade,
Desmesurado salto para uma imensidão escura, desconhecida, volátil,
Pensamentos que me arrebatam e se vão. E com os olhos baixos, então, eu contemplo a sombria chama do desejo...

sábado, 6 de julho de 2013

Você, Minha Flor



Pensar em você é repetir-me, sem jamais, porém, entediar-me,
É tornar-me adrenalina: taquicardias, taquipneias, sudoreses, taquiarritmias,
É tornar-me excessivo, acelerado, apaixonadamente veloz em me alegrar.
Fluxos sanguíneos disputando o rush até minha cabeça, neurônios brilhando feito luminosos de neon,
Pupilas que se dilatam, narinas que se abrem ao aroma doce de sua pele quente.
Torno-me fisiologia exacerbada perante sua graça, que graciosamente me inebria,
Que me dá fome dos seus abraços, fome que dói e que me consome,
Fome que você sacia e, assim, me recompõe ao meu estado original.

Penso em você quando encontro fios do seu cabelo caídos pelos cantos da casa,
Quando estou perto e estou longe: mesmo quando estou trancado dentro de mim mesmo.
Essa paixão me corrói e me preenche, dá e toma, mata e revive,
Torna-me um ciclo, um karma, pelo qual encontro a ponta do novelo de Ariadne,
Pela qual encontro a saída do labirinto das horas,
Pela qual me desfaço e faço, pela qual sinto meu coração se iluminar feito uma tocha,
Incandescente desejo que sublima minha humanidade vã.
Você, minha flor mais linda, você: a forma mais sublime pela qual torno-me humano, afinal.

Beijo



Eu lhe beijo com lábios, mãos e olhos
E cada beijo que lhe dou me torna parte inseparável de você.
Entranho-me em suas vísceras,
Visceralmente me torno salivas e feromônios: obnubilações de consciência,
O entorpecimento dos sentidos desfeitos à sombra deste crepúsculo.
Torno-me seus lábios macios, seu nariz aquilino,
Arremesso-me, qual pesada pedra arroja-se fundo, no castanho dos seus olhos,
A brancura da sua pele me banha, qual ebúrnea chama,
Qual profusa luminosidade que me incendeia e consome.
Assim é nosso amor, resumido em um beijo:
A música que os passarinhos cantam quando lhe toco, o deslumbramento febril da noite jovem,
Jovialidades que a manhã não pode conhecer...