quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Do Quase Se Acabando.

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[ Non, rien de rien!/ Non, je ne regrette rien!/ Ni le bien quon m'a fait,/ Ni le mal,/ Tu ça mest bien égal!/ Non, rien de rien!/ Non, je ne regrette rien!/ C'est payé, balayé, oublié,/ Je me fous du passé!/ Avec me souvenirs,/ Jâ'ai allumé le feu,/ Mes chagrins, mes plaisirs,/ Je nai plus besoins deux!/ Balayé les amours,/ Avec leurs trémolos!/ Balayé pour toujours,/Et repars à zéro! ] * [ Edith Piaf ]


Eu já não lamento mais, igualmente.
Não lamento o tremor dos meus pés na frialdade da noite,
Nem a dissolução de minhas alcovas.
Não lamento minha infância solitária
E nem as decepções que sofri durante a vida.
Não me importo, absolutamente,
Não me importo com as lágrimas que derramei
E nem com as que hei de derramar,
Quando necessário for.
Não lamento o olvido e o desprezo,
Sina dos homens.
Não lamento a notoriedade.
Não lamento o não teres me amado,
E mais, não lamento o me odiares agora.
Não lamento a falta de compreensão e nem a sabedoria obscena.
Não faz-me falta o silêncio e nem a histeria.
O álcool me é indiferente,
A canção, que se me cale,
O sofrimento, que aperte ou desapareça.
Tudo me dá igual,
Como viver comigo ou sem mim dá no mesmo a ti.
Não mais lamento a árvore que tombou para ser o assoalho que piso,
E nem o coelho que abatido foi para me servir de guisado.
Não lamento as chagas do indigente,
Nem o coração ferido da donzela.
Nada, absolutamente nada.
Não lamento o medo da morte,
Como há muito deixei de lamentar o medo da solidão.
É inútil, é uma luta baldada,
Uma luta que se trava sozinho é uma luta vã.
E contar com os esforços alheios torna a minha luta infundada, também.
Tudo passou, a juventude, o brilho, as eternas esperanças
E eu já não lamento mais.
Nem as lembranças dos campos e regatos pueris,
Nem os excessos de homem jovem,
Nem a frieza de homem feito,
Nem as fraquezas de homem que não chegou a ser velho.
Absolutamente nada.
Nem as memórias, nem o esquecimento.
O embotamento e o desespero.
O pensamento que me começa a não obedecer.
Edith já disse uma vez:

[ Mulheres, amem. Donzelas, amem.
Crianças, amem. ]


No mais, que me resta dizer, então?
Que nada me importa agora, talvez.
Que os esforços foram feitos, as cartas lançadas,
As messes colhidas
E no mais, tudo me é igual,
Absolutamente.
E nada me resta lamentar, afinal.

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Por Raphaël Crone

V&R

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[ Liberdade é pouco. / O que eu desejo ainda não tem nome. ] * [ Clarice Lispector ]


 



Eu adoro a forma como você se preocupa com o seu cabelo,
E mais ainda, eu adoro bagunçá-lo.
Adoro as músicas que você canta (principalmente as em francês).
Adoro passear com você nestas tardes quentes de Cáceres,
Tomar banho de rio, andar de bicicleta.
Adoro ir à banca de revistas e cantar com você.
Adoro as historias que você me conta
E a forma como me faz sorrir quando faz cara de bravo.
Adoro quando vamos ao cinema, você dá graça aos filmes.
Gosto até da sua mudança de humor.
É verdade!
Senhor Katz, me concede esta dança?

[ FOTO: ] *Rafah & Vick - Novembro/ 2008.

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Por Victória Kemper.