quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Poema Por Saudade.

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A dor de ter lhe tido nos braços,
De ter beijado os seus lábios,
De ter tocado sua pele alva e quente,
De ter experimentado o suor dos seus lábios
E de não mais ter-lhe perto.
Saudoso. Saudoso.
Inconformadamente saudoso.

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Por Raphaël Crone.

Lembranças Médias.

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[ - Ela parece distante... / talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
-Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, / e sentiu que eram parecidos.
-Em outros termos, prefere imaginar uma relação / com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
-Ao contrário, / talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela?/ Quem vai pôr ordem? ] * [ Guillaume Laurant & Jean-Pierre Jeunet ]


Imaginações médias, de uma terra distante,
Sensações estranhas, revivências.
Fantasmas em agonia.
O velho caldeirão cozinhando na cozinha mal-coberta.
O cheiro bom do guisado pobre.
A vassoura atrás da porta para espantar visitas indesejadas,
Especialmente os cobradores de soldos.
Os campos por cultivar, verdejantes e eloquentes.
A velha esmoler corcunda e decrépita,
Que perambulava pelos vilarejos vizinhos.
Os vilões, aldeões, camponeses
E suas labutas. As fogueiras.
As mulheres incineradas. A desordem.
Lembranças vagas.
A modernidade. A mesma vassoura atrás da porta.
O caldeirão furado. Outro tempo, outra desordem,
Quem sabe as mesmas, mas com vestidos diferentes.
Sentimentalismos exacerbados e mal-resolvidos,
Que dizem não ao apelo dos velhos encantamentos
E das velhas alcoviteiras.
Uma outra França, além-mar. O mesmo garotinho francês.
Outras inquietudes. Uma nova necessidade,
A mesma velha perturbação interior.
Os casebres queimados pelos cavaleiros,
O dobrar dos sinos, tão cristãos!
Um coração que se dobra, contas a pagar,
A alcova vazia durante a noite fria.
Lembranças médias,
A mesma solicitude de outrora e que amanhã ainda será...

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Por Raphaël Crone.