sábado, 3 de agosto de 2013

Sonho



Sua presença me despedaça e me arrebata, me torce e eu me distorço em profusão de graves e agudos: uma canção de sobrenatural regozijo. Violentamente feliz me atiro ao vórtice do encantamento de sua graça e me liquefaço em saliva e lágrimas: fisiologia e anatomia, nosso amor que ressoa no silêncio, qual derradeiro som de gaita que se apaga no breu da noite e da noite se alimenta, de sonho e embriaguez.

Pérolas



Eu lhe conto olvidos, você me canta encantos, debruço-me sobre as pérolas do seu colar e no profundo oceano dos seus olhos me derramo para não mais me ajuntar...

Aqueles eram os Dias



Hoje me derreto em lembranças dos nossos dias que se foram,
Aqueles eram os dias, meu amigo, onde o sabiá cantava sobre nosso telhado pela manhã.
Os dias da minha juventude, dias dançantes, onde eu valsava com sua sombra
E ela comigo valsava, mãos em minhas espáduas, passos resolutos.

Naquele tempo de fotografias em preto e branco, hoje desbotadas,
Eu ouvia a vida cantar segredos em meus ouvidos quando acordava ao seu lado de madrugada.
Aqueles meus velhos vestidos rodados, aqueles velhos coupés que não andam mais,
Aquela velha simplicidade que ostentava toda a minha glória por tê-lo.

Sons de gaita e acordeon no velho rádio chiando, ovos e café, a frigideira que te alimentava
Naqueles dias de ronda, onde cheia de solicitudes eu lhe cercava, segura de sua inteira e completa satisfação.
Aquela minha segurança, outrora inabalável, é finita, meu amigo,
É ida e morta, como que aqueles velhos dias se foram: saíram pela minha porta e se fecharam após sua bagagem.

Ah... aqueles, sim, eram meus dias, meu amigo...