domingo, 31 de maio de 2009

De Quando Eu Lhe Odeio.

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[ Você está longe demais para eu trazê-lo para perto/ E alto demais para olhar para baixo,/ Apenas insistindo em sua dose diária./ Eu sei que você nunca precisou de ninguém,/ Exceto dos papéis para enrolar a sua erva,/ Como você pode dar o que você não tem?/ Você continua sonhando com o topo/ Mas desiste antes que derrame uma gota de suor,/ Alimenta seu cérebro vazio/ Com sua maconha hidropônica./ Comece jogando com você mesmo,/ Você se diverte mais dentro de sua concha,/ Prazer em conhecê-lo, mas eu tenho outras coisas para fazer./ Eu vou embora de novo, porque eu tenho esperado em vão,/ Você segue tão apaixonado por você mesmo!/ Se eu digo que meu coração está dolorido,/ Isso soa como uma metáfora barata,/ Então eu não repetirei mais isso./ Eu preferiria tomar minha sopa com um garfo,/ Ou dirigir um táxi em Nova Iorque,/ Porque falar com você é trabalhoso demais./ Então qual é o ponto de desperdiçar todas minhas palavras,/ Se é exatamente igual ou até pior/ Que ler poemas para um cavalo?/ Você continua sonhando com o topo,/ Mas desiste antes que derrame uma gota de suor,/ Alimenta seu cérebro vazio/ Com sua maconha hidropônica./ Eu aposto que você encontrará alguém como você,/ Porque há um pé para cada sapato./ Eu lhe desejo sorte, mas eu tenho outras coisas para fazer./ E eu vou embora de novo, porque eu tenho esperado em vão,/ Você segue tão apaixonado por você mesmo!/ Se eu digo que meu coração está ferido,/ Isso acaba parecendo uma metáfora barata,/ Então eu não repetirei mais isso nunca mais. ] * [ Shakira ]


Eu torno-me em dentes cerrados, mandíbula contraída,
Masseteres e temporais mastigantes, desejoso de mastigá-lo neste minuto.
Eu me canso, enfado: falar com você é tão inútil quanto me calar.
Eu vou, eu volto, eu me viro do avesso,
Ímpetos quase assassinos de esganá-lo quando me dá as costas,
Quando se cala enquanto eu lhe grito.
Ímpetos brutais de tomá-lo entre minhas mãos e amassá-lo como se amassa um papel.
Eu desejo seguir, mas você me puxa pra baixo,
Palavras inocentemente cheias de malícia que acendem as chamas que me consomem silenciosamente.
Não há esperança de salvação e nem sombra de misericórdia: há animalidade.
Há instintos recolhidos e expostos, um vai-e-vem de sensações e considerações ora piedosas, ora monstruosas,
Uma vontade de fazê-lo sofrer quando me faz sofrer,
Um egoísmo pulsante, que se movimenta em espasmos violentamente premeditados,
Epilepsia de sentimentos, convulsão de tudo o que é humano e animal em mim.
Você me leva ao extremo, me faz ora amar, ora odiar religiosamente,
Me faz mandar os santos ao quinto dos infernos.
As horas presenciam as louças quebradas, os rompantes de loucura,
Efervescência de um espírito em ebulição.
As horas contemplam. E as horas passam.
O que não passa?
Eu volto a mim, me acalmo. Resigno-me, resolvo-me. Resolvo-lhe.
Sigo com você. Amor? Quem sabe.
Resigno-me. E sigo com você. É só.

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Por Raphaël Crone.