sábado, 27 de dezembro de 2008

Uma Revolta Provisória.

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[ Ne me quitte pas,/ Il faut oublier, tout peut s'oublier,/ Qui s'enfuit déjà./ Oublier le temps des malentendus,/ Et le temps perdu a savoir comment/ Oublier ces heures./ Qui tuaient parfois,/ A coups de pourquoi le coeur du bonheure. ] * [ Jacques Brel ]


[ Não me deixe, não vá embora! ]


Palavras tristes, as mais tristes que um humano fora da sã consciência pode dizer a outro.
Palavras humilhantes, palavras desnecessárias,
Palavras desprovidas de efeito e eficácia.
Fracas, moribundas, agonizantes. Neurastênicas.
O que é finito, finito é.
Que morra e agonize o menor tempo possível,
Não há salvação. Deixe morrer.
E por fim, que se sepulte o cadáver, que se queimem os ossos
E que se chore apenas uma única vez, carpindo aquilo que nenhuma palavra pode de volta trazer.

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Por Raphaël Crone.

Namorinho de Portão.

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Ele olhou o meu rosto absorto,
Enquanto passava pelo portão da minha casa.
Eu apenas fumava compassadamente um cigarro escuro
E contemplava compassadamente a escuridão da rua.
Um encontro de olhares compassados. O descompasso interior.
Uma memória a ser perseguida. Uma hipótese.
Eu entro para dentro de casa e bato a porta por detrás.
Ele se vai.
Uma hipótese, eu disse. Não um fato.
Hipoteticamente não-realizável.

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Por Raphaël Crone.