terça-feira, 9 de abril de 2013

Narciso



Ele se debruça sobre si mesmo: pele, cabelos, dentes e fascínios,
A contemplação arrebatada de sua própria figura o consome.
Ele é Narciso: vivifica a glória sublime da vaidade,
Espalha ao seu redor o aroma doce de sua voz cálida,
Hipnotiza os olhos de quem lhe olha, desejosos.
Os fios dos seus cabelos dourados são perigosos como as serpentes da Medusa,
Corações e vontades transformadas em pedra, pusilânimes;
Ele se debruça sobre o lago e suspira: um desejo descompassado o consome.
Ele se debruça sobre seu reflexo e se admira: êxtase,
E num minuto, nele submerge e pra sempre ali dorme...

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Por Raphaël Crone