quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Trilogia da Noite, Parte 1



Johann Stein tinha problemas: 28 anos, alto, cabelos escuros arrepiados com gel,
Bermudão e tênis de cano alto. Pulseiras e capuz.
No ipod uma batida lânguida, fones de ouvido deixavam o mundo do lado de fora.
"Antes que a fama me mate", dizia a música em repeat.
Johann caminhava pela grande cidade sem nome no breu da noite,
Oculto pelas asas da  graúna de José de Alencar.
Desviava das gotas de água que caíam se esgueirando pelas marquises assombradas dos edifícios adormecidos,
Ora aparecendo sob uma luz pálida de lâmpada de rua, ora virando sombra e bruma, qual fantasma se dissolvendo.

Passo após passo, mãos nos bolsos, pisando poças, avenida sem nome e sem fim adiante, passo após passo.
Vaporosos sussurros erguiam-se da escuridão da  noite: "antes que a fama lhe mate".
Um letreiro de neon feriu seus olhos à distância, em sete cores banhava aquele pedaço de noite voluptuosamente, sem decoro: "Rainbow". O fim do arco-íris. "É aqui", pensou.
A chuva agora desabava e foi assim, ensopado, capuz à cabeça, cabelos desfeitos que ele percorreu os últimos metros.
Foi assim que ele alcançou o final do arco-íris, no encalço de seu pote de ouro. Amanda Lane.
A porta era de vidro, mas nada se via lá dentro; era  visto, com certeza.
Um suspiro, um arrepio. Empurrou e entrou para a luz que banhou cada centímetro do seu ser...