sábado, 26 de novembro de 2016

Antoinette



T'es mon délire, mes ténèbres, mon midi radieuse;
Mon magazine de mode, monVogue, mon piédestal.
T'es ma moitié plein verre de vin, le goût du chocolat dans ma bouche,
Ma guitare appuyée contre le côté de ma tête.
T'es ma photo de Marilyn sur le mur, mon dévouement, mon gémissement,
Les cheveux blonds qui chatouille dans mon nez,
Le ronronnement de R de mon français.

T'es les feuilles désalignement, le rire à l'aube,
Les perles de mes dents et le corail de mes lèvres.
Ma satiété et mon agitation, ma nostalgie et mon mal de mer;
Ma dynamite et mes murs en ruines.
Tu es mon souffle de vie et la chanson de ma peau, t'es mon corps, humm...
Mes oiseaux de paradis, ma soirée à Montmartre, t'es mon amour.

T'es mon amour: ma fatigue et ma maison, ma contemplation.
T'es mon amour, t'es mon amour.


Notre Grand Amour est Mort




Tudo o que eu represento é apenas uma ilusão que escoa entre os seus dedos,
Como água da chuva que escorre por ruas silentes,
Da qual os transeuntes fogem apressados.
Tudo em mim deve se desvanecer.
Nenhuma memória será persistente o suficiente.
Tornar-me-ei em ser etéreo, em fumaça que rodopia diante de seus olhos e depois se consome,
Todo o encanto durará um segundo na história do tempo e depois emudecerá, qual espectro entre as sombras da madrugada.
Olhe para mim, toque-me. Sinta minha pele quente e se lembre dos porquês pelos quais me desejou.
Como as páginas de um livro se encolhem diante das chamas, assim encolher-me-ei, serei cinza, ferrugem e osso.
Quando a noite findar, apenas os amantes estarão despertos;
Tudo o mais é bruma e cantilena, vozes moribundas e perplexidade,
Um último adeus e uma suprema e derradeira desilusão.


domingo, 6 de novembro de 2016

Neon Night



Dance comigo sob este céu neon:
Azul, rosa, vermelho e verde. Elétrico. Iridescente.
Não há paredes que nos encerrem, não há domos, não há abóbodas.
Sua maquiagem cintila em meio à noite, lábios incandescentes, olhos como faíscas assombrosas;
Suas unhas longas arranham o meu peito nu.
Uma batida eletrônica, titânica ecoa das profundezas do Tártaro e enche nossos ouvidos de hipnótico desejo, incontrolável fome.
Você fura o seu dedo, uma gota brilhante escorre e eu a recebo em minha língua. O seu sangue vai manchando a minha boca, como um batom borrado.
'Baby boy, you're so cool', você me diz em sussurros.
Então, segura com força a minha cintura, eu puxo os seus cabelos para trás e me aproximo do seu pescoço.
Um beijo e depois uma laceração.
E aí se inicia a fantasmagoria.


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Marianne




Não há expiação. Ande por essa estrada escura, Marianne,
Fique atenta para as sombras que se movimentam atrás das árvores,
Fique atenta para aqueles homens parados embaixo daquela ponte.
Você fez escolhas ruins e sabe, bem lá no fundo, que merece ser castigada. Não sabe?
Somos todos crianças assustadas, molhadas e tremendo de frio,
Oprimidas pelo peso de nossas escolhas. Não podemos nos furtar ao fardo que temos que carregar.
Encontre o seu destino, Marianne, levante as mãos para que sejam cravados mais alguns pregos. Entre ruas sujas e lençóis desalinhados, suspire por perdão, sangre como penitência.
Carregue a sua humanidade sobre os ombros, dilacere suas vulnerabilidades com os dentes e siga.
Abrace sozinha o seu futuro. Todos os demais têm seus próprios infernos para cuidar.


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Um Espécime Dilacerado



Alto. Magro. Belo. Macabro.
O francês falido, uma espécie de jovem pirata de terras firmes. Um cigarro entre os lábios,
Volúpias e sorrisos incompletos,
Sua alma é um banho de sangue. Viscoso, malcheiroso, putrefato.
Corra, vadia. É melhor você correr agora. 
Viciado em seduzir, um adolescente descartável crescido. Anda entre nuvens cinzentas, abomina a luz do dia. Cortinas fechadas, luzes apagadas, um zumbi desejável cujos lábios vertem sangue. Um banho de sangue.
Rembrandt pintou autorretratos. Retratos pintam-se em linhas desconexas.
Corra, vadia. Esta é a hora em que você deveria começar a correr...


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Miragem Noturna



Eu vejo você rodopiar diante do meu rosto, misturado à fumaça do meu cigarro;
Você irrita os meus olhos e impregna as minhas roupas e meu cabelo com um odor desagradável, mas eu continuo implorando por mais.
Por um minuto, eu penso em deixá-lo, mas é inútil: eu volto de joelhos para mergulhar outra vez nas sombras do lago, que é o seu coração, negro como a noite.
Minhas mãos envolvem o seu pescoço, emaranham-se em meios aos cachos dos seus cabelos:
Eu o enrolo, eu o aspiro e eu desmaio enlevado por essa beatitude.
Você é meu vício, a minha solução e o meu doce problema.
Meu amor de perdição, o blues que me espanca à meia-noite, minha religião profana e minha cética peregrinação.
Formas rijas que se desvanecem em meu abraço, como a bruma. Sacrossanto pesadelo e penitência: a esperança de respirar aliviado novamente, porém sem nenhuma sombra de expiação.


A Canção do Incendiário




O meu maior desejo é abrasá-lo: transformá-lo em cinzas ao envolvê-lo com meus braços;
Tudo em mim está em constante combustão, uma ignição espontânea, ativada pelo simples vento que sopra meus cabelos para lá e para cá.
Mais queria eu incendiar as ruas, em um breve segundo fazer evaporar aquela lágrima em minha mão, derramada naquele momento mudo.
A ponta dos meus dedos em contato com o seu rosto é qual blues para os meus ouvidos: um efêmero toque abre rasgos em sua pele e torrentes vermelhas escorrem ensopando suas roupas.
Eu sigo em seu encalço, perigoso e me movendo; desejo queimar nossa alcova em tons de azul, vermelho e laranja, de forma que nenhuma chuva possa apagar.
Desejo consumi-lo - comê-lo, bebê-lo, eviscerá-lo, fazê-lo uma carne comigo. Carne rota. Queimada. Ignóbil.
Restos daquilo que é o muito desejar.