domingo, 30 de novembro de 2008

Fim de Novembro.

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[ A coisa mais fina do mundo/ é o sentimento. ] * [ Adélia Prado ]



R: -Nossa,
Como as coisas são engraçadas, não?
Pessoas que aparecem quando a gente menos espera
E mais precisa!
Nada como a tal da amizade!
G: -Mas a vida é assim mesmo.
Bem desse jeito!
O tipo de coisa que acontece!
R: -Essa é a graça da vida!
G: -Exactus!

[ NOTA 1: ] *Palavras ditas ao som de Apparat e Radiohead.
[ NOTA 2: ] * Poema diálogo, de indizível valor pessoal.
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Por Gustavo Füsca e Raphaël Crone.

À Uma Batida Frenética.

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[ Isto nos faz sentir tão bem!/ Estarmos aonde não deveríamos,/ Em um amor que não nos pertence!/ Perigo, perigo,/ Me dê o perigo! ] * [ Mike Furey ]


Eis que eu escuto este movimento, it takes over me!
Necessário, perigoso, quase violento!
Uma droga radiofônica,
O ecstasy audiológico!
Sinto-me voltando de uma longa jornada do país do desejo da morte,
De um sono infinito, de um sono quase medicamentoso!
A sua bênção, batida aterradoramente eletrônica!
Neste momento, até mesmo o meu eu alternativo se rende a você!
Porque sinto-lhe puxar de volta à vida o meu eu dormente,
Latente, hipnotizado,
Amargurado, ressentido, triste e cabisbaixo.
Cego, surdo e mudo, abandonado.
Sinto-me o som do pássaro!
Sinto-me jovem e belo, adolescente e frenético,
Sinto-me vivo, lúcido, sóbrio e são.
Sim, definitivamente, de volta à vida.

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Por Raphaël Crone.

Crianças da Revolução.

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[ Pouco antes de nosso amor se perder, você disse:/"Sou tão constante quanto uma estrela do norte."/ E eu disse, sempre na escuridão:/ "Onde isso vai levar?/ Se você me quiser, eu estarei no bar..."/ Oh, você está em meu sangue como o vinho sagrado,/ Você parece tão doce e tão amargo!/ Oh, eu poderia beber um barril de você, querido/ E eu ainda estaria em pé,/ Oh, eu ainda estaria em pé... ] * [ Joni Mitchell ]


Você fez de mim uma das crianças da revolução.
Uma daquelas que, por tanto acreditar,
Não sabem mais em que direção seguir.
Uma daquelas que, por tanto acreditar,
Desenvolvem o excepcional talento de não acreditar, acreditando.
Você fez de mim uma das crianças da revolução,
Vorazes, impetuosas e frágeis,
Frágeis como a bruma, que se desvanece à luz do sol matutino.
Uma daquelas crianças que dormem embaladas por alguma música melancólica,
Com uma garrafa semi-vazia encima da mesinha de cabeceira,
Um cinzeiro cheio de pó em um canto da cama
E o livro de algum filósofo estúpido no regaço,
Buscando nele algum estúpido fundamento infundado.
Uma das crianças da revolução,
Das capazes de varrer o país com a guerra,
Mas incapazes de varrer seus próprios conflitos íntimos,
Sua própria embriaguez moral,
Sua própria França interior.

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Por Raphaël Crone.

Sado - Vol. 2.

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[ Tous les jours des fêtes,/ Oui c'est excentrique./ Je dis: "Vive la fête!"/ Pour etre héroïque. ] * [ Els Pynoo ]



Tre' bien. 120 dias em Sodoma com Sade.
Deve ser divertido!
Viva a festa, mon garçon!
O que pode haver de mais excitante na vida
Do que 120 dias em Sodoma com Sade?

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Por Raphaël Crone.

Uma Nova Supernova.

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[ Você pode expressar as suas verdades mais profundas,/ E mesmo que isso signifique que eu vou lhe perder,/ Eu vou ouvi-las./ Você pode cair num abismo/ No seu percurso pela felicidade/ E eu vou simpatizar com isso./ Você pode me dizer que vai deixar a cidade / Em busca da paixão de sua vida/ E eu vou ouvi-lo./ Você pode mesmo se jogar no fundo do poço/ Em uma crise de meia-idade e eu vou suportar isso./ Não há mais laços que nos liguem.../ Você não me deve nada / Por eu ter lhe dado o amor que eu lhe dei,/ Você não me deve nada/ Por eu ter me importado como eu fiz./ Sou eu quem lhe agradece por ter-me recebido,/ É meu privilégio/ E você não me deve nada em troca. ] * [ Alanis Morissette ]



Nenhuma cobrança, nenhum ressentimento.
Rugas? Para que, se eu sou tão jovem e tão belo?
Quem cresceu fui eu. Quem amou fui eu.
Quem se importou fui eu.
Eu saí maior e mais forte, mais nobre.
Aos meus braços, novos amores.
Mais nobres. Mais fortes.
Mais arrebatadores.
Como sempre, ela bem me aconselha, ma chère.
Você realmente não me deve nada em troca
E eu lhe agradeço, no final.

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Por Raphaël Crone.

Sensualidade Provisória.

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[ Não, não tente se desculpar,/ Não volte a insistir,/ As desculpas já existiam antes de você./ Não, não me olhe como antes,/ Não fale no plural,/ A retórica é sua arma mais letal./ Vou te pedir que não volte mais,/ Sinto que você ainda me causa dor aqui, por dentro/ E que na sua idade já sabia bem o que é/ Partir o coração de alguém assim... ] * [ Shakira ]



É a minha sensualidade provisória,
Meu encanto passageiro,
Que nao pôde segurar-lhe em meus braços,
Assim como acontece num happy-end de cinema.
Meu sorriso, que não foi doce o bastante,
Minha impetuosidade, que não foi comedida o suficiente,
Meu amor, não tão convincente.
Que posso eu fazer mais, se fiz o melhor de mim?
Este sou eu, nada mais e nada menos.
Eu, meu amor insuficiente
E minha sensualidade insuficiente,
Nada mais que provisória para você.

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Por Raphaël Crone.