quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ella, Mamá.

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[ Bem, eu amo o modo com que nos comunicamos,/ Seus olhos focalizam em minha hilariante forma labial./ Ouçamos o que você pensa agora de mim, / Mas baby, não olhe,/ O céu está caindo. ] * [ Tori Amos ]



Me lembro quando eu era pequenininho,
Ella segurava a minha mão quando andávamos na rua
E eu costumava me sentar no colo della,
Tão leve!
De repente, percebi que ella começou a encolher,
A ficar menor e menor...
Não entendia o porquê disso, não,
Só achava engraçado.
Hoje sei que quem cresceu fui eu,
Mamãe é baixinha mesmo, e eu grandão.
Ainda me sento no colo della,
Devagarinho, não colocando muito peso em suas pernas cansadas,
E nós ainda rimos, nos lembrando do que passado é.
Ella me ouve, ella cuida de mim,
E eu ouço e cuido della.
Ella só não me entende muito bem, me disse certa vez,
E eu acho que entendo um pouco menos della do que eu gostaria.
Mas aí justamente está a graça do nosso amor:
Ella decide me amar assim mesmo,
Integral e incondicionalmente,
E eu decido amar ella também.

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Por Raphaël Crone.

Voto Quebrado.

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[ Eu nunca amei ninguém completamente,/ Sempre mantive um dos pés no chão./ E por proteger de verdade meu coração,/ Eu me perdi nesses sons. Eu ouço em minha mente/ Todas essas vozes,/ Eu ouço em minha mente todas essas palavras,/ Eu ouço em minha mente toda essa música./ E isso parte meu coração,/ E isso parte meu coração. ] * [ Regina Spektor ]



Não penso hoje que seja realmente importante eu continuar a pensar em você,
Embora eu, teimoso, ainda teime em fazê-lo no escuro da noite.
Não penso que eu não mais possa viver sem o seu abraço,
Ainda que me seja custoso pensar assim.
Forçoso me é prosseguir, forçoso me é,
E isto parte o meu coração.

Por isto, dei a outro os nossos versos,
Aqueles com os quais você tão apaixonadamente me presenteou.
Prostutuí os nossos momentos mais singelos,
Nosso piano mais terno,
Nossa canção mais secreta.
Dei-a a outro que a merecesse, de certa forma.

Me cansei de tudo suportar, de tudo esperar,
De continuar esmigalhando o meu peito.
Não que isso não mais parta o meu coração,
Mas como você e eu bem sabemos,
Males necessários existem,
Para mim e para você.

[ Porque deixo esta forma ínfima de matéria humana
E me faço lembranças,
Para encontra-me contigo nas ruas labirínticas
de um tal lugar
. ]
Palavras tuas para mim. Por minhas mãos, de outro agora.
Sinto muito, isto ainda parte o meu coração,
Durante a hora mais escura da noite, acredite, isto ainda parte o meu coração.

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Por Raphaël Crone.