domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nós.

--
[ Eu sou um caminho de cinzas,/ Queimando sob os seus pés./ Você é o único que caminha sobre mim/ E eu sou a sua única estrada. ] * [ Björk ]
---
---
[ Então o enigma pode ser solucionado/ E você me empurra para isto:/ Um estado de emergência,/ Onde é tão belo se estar./ Estado de emergência, é onde eu quero estar. ] * [ Björk ]


===

Aquele que tira a camiseta quando dança, / Que morde a sua orelha e que lambe o seu rosto, como um gato. / O rapaz que olha os seus olhos com a maior ternura do mundo e que em meio à fumaça segue seus movimentos atentamente. / Sentimentalmente sexual e sexualmente sentimental. / O sorriso interior, o blush involuntário. / O que divide com você as alegrias de garoto e as amarguras de homem adulto. / O crescimento harmonicamente conflituoso, as censuras perdoadas. / A paixão gigante, que pisa os dissabores e que embala nosso sono abraçado. / Eu sou aquele que lhe diz: "Tudo se resolverá" e eu sou o mesmo aquele que lhe beija quando tudo é resolvido, enfim. / Sou o que a vida ensina a ser homem, sou valente e frágil, pateticamente incompleto. / Sou a sua complacência pulmonar, a sua sístole e a sua diástole. / Sua circulação de luz, sua respiração de vida. / Sou o menino que sorriu inocentemente ao seu chamado. / Sou um com você e fora de você nenhum outro poderia me alegrar. / Sou a busca da felicidade, sou a batida, aquela que você ouve quando põe a mão em seu peito e quando põe os ouvidos em uma concha do mar. / A batida estranhamente natural da existência. / Sou você e você é eu. / Somos um em espírito e quase religioso amor, somos a consolação da espécie. / O jugo de Jesus, que segundo ele mesmo disse outrora, é leve. / Sou aquele que abrilhanta os seus dias e você é o que enxuga minhas lágrimas indiscretas. / Somos abençoadamente privilegiados, eu por tê-lo e você por me ter. / Somos escandalosamente felizes, por que abrimos nossas portas e janelas ao nosso amor. / Somos frutos da luz e somos insetos da noite. / Somos o futuro que sempre chega, o presente que nunca passa e o passado, que jamais morreu.

[ FOTO: ] *Raphaël Crone - Julho/ 1991.

_____

Por Raphaël Crone.