quarta-feira, 18 de março de 2009

Alguém Me Disse.

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[ On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,/ Elles passent en un instant comme fanent les roses./ On me dit que le temps qui glisse est un salaud/ Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux./ Pourtant quelqu'un m'a dit/ Que tu m'aimais encore,/ C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore./ Serais ce possible alors ?/ On dit que le destin se moque bien de nous/ Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout./ Parait qu'le bonheur est à portée de main,/ Alors on tend la main et on se retrouve fou./ Pourtant quelqu'un m'a dit/ Que tu m'aimais encore,/ C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore./ Serais ce possible alors ?/ Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?/ Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,/ J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits/ "Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit."/ Tu vois quelqu'un m'a dit/ Que tu m'aimais encore,/ Me l'a t'on vraiment dit/ Que tu m'aimais encore,/ Serais ce possible alors ?/ On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,/ Elles passent en un instant comme fanent les roses./ On me dit que le temps qui glisse est un salaud,/ Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux./ Pourtant quelqu'un m'a dit/ Que tu m'aimais encore,/ C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore./ Serais ce possible alors ? ] * [ Carla Bruni ]


A possibilidade de você me amar. Seria possível, então?

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Por Raphaël Crone.

L' Envoûtement.

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[ Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc./ Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. ] * [ Manoel de Barros ]


Eu:

-Por que dentre tantos, por ele me encanto?

O espelho:

-Por que ele o ama com o fundo de seus olhos.
Porque ele se debruça na janela para contemplá-lo.
Porque a sua alma se debruça em seus olhos para vê-lo passar.

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Por Raphaël Crone.

Pensando Cá Comigo...

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[ Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas./ E me encantei. ] * [ Manoel de Barros ]

[ Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo./ Não é./ A coisa mais fina do mundo é o sentimento./ Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:/ "Coitado, até essa hora no serviço pesado"./ Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente./ Não me falou em amor./ Essa palavra de luxo. ] * [ Adélia Prado ]

[ No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal :/ "Meus filhos, o dia já envelheceu,/ entrem pra dentro". ] * [ Manoel de Barros ]



Eu envelheço como envelhece o dia,
Rejuvenescendo 24 horas a cada manhã.
Eu amo pelo luxo de amar.
Eu amo pelo cuidado de amar.
Por todos os ensinamentos que o amor me ensina.
Redundantemente.
As tais coisas miúdas que o Manoel e a Adélia conhecem bem.

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Por Raphaël Crone.

Paranoia.

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[ É preciso estar sempre embriagado./ Aí está: eis a única questão./ Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra,/ é preciso que se embriaguem sem descanso./ Com quê?/ Com vinho, poesia ou virtude, a escolher./ Mas embriaguem-se./ E se, porventura, nos degraus de um palácio,/ sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,/ a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,/ pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,/ a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala,/ pergunte que horas são;/ e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão:/ "É hora de embriagar-se!/ Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se;/ embriaguem-se sem descanso"./ Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. ] * [ Charles Baudelaire ]

[ Viver é super difícil. O mais fundo está sempre na superfície. ] * [ Paulo Leminski ]

[ Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente. ] * [ Charles Baudelaire ]


Eu rolo na cama durante a noite.
Uma sucessão de minutos enlouquecedoramente longos.
Eu espero o alvorecer e ele tarda.
Não falha, deveras, mas tarda sobremaneira.
Eu sinto saudades ou mais que isso:
Eu sinto uma fome animal de lhe ver.
Eu sinto as minhas entranhas revirarem-se,
Eu sinto náusea psicosomática,
Eu sinto o ar faltar, dispneia misturada à costumeira apneia do sono,
Apneia do sono desperto. Eu penso em ligar.
Você trabalha agora. Não lhe importunarei.
Eu só gostaria de que o seu tom de voz fosse sempre doce
E não frio, como ele pode ser às vezes.
Eu tenho medo do frio do telefone.

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Por Raphaël Crone.