domingo, 30 de novembro de 2008

Crianças da Revolução.

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[ Pouco antes de nosso amor se perder, você disse:/"Sou tão constante quanto uma estrela do norte."/ E eu disse, sempre na escuridão:/ "Onde isso vai levar?/ Se você me quiser, eu estarei no bar..."/ Oh, você está em meu sangue como o vinho sagrado,/ Você parece tão doce e tão amargo!/ Oh, eu poderia beber um barril de você, querido/ E eu ainda estaria em pé,/ Oh, eu ainda estaria em pé... ] * [ Joni Mitchell ]


Você fez de mim uma das crianças da revolução.
Uma daquelas que, por tanto acreditar,
Não sabem mais em que direção seguir.
Uma daquelas que, por tanto acreditar,
Desenvolvem o excepcional talento de não acreditar, acreditando.
Você fez de mim uma das crianças da revolução,
Vorazes, impetuosas e frágeis,
Frágeis como a bruma, que se desvanece à luz do sol matutino.
Uma daquelas crianças que dormem embaladas por alguma música melancólica,
Com uma garrafa semi-vazia encima da mesinha de cabeceira,
Um cinzeiro cheio de pó em um canto da cama
E o livro de algum filósofo estúpido no regaço,
Buscando nele algum estúpido fundamento infundado.
Uma das crianças da revolução,
Das capazes de varrer o país com a guerra,
Mas incapazes de varrer seus próprios conflitos íntimos,
Sua própria embriaguez moral,
Sua própria França interior.

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Por Raphaël Crone.

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