Observo a noite densa e silenciosa por detrás de um poste ambíguo,
Luminária e esconderijo, eis a sua serventia.
A cidade é engolida pelas brumas, hora após hora,
Torna-se tão vaga quanto Silent Hill. Sangue e gás.
De onde sairá você, Pyramid Head?
De onde virá o primeiro golpe inesperado? Ainda não tenho olhos nas costas, evolução medíocre.
Um pouco de cultura pop em meio ao silencioso assombro da névoa.
Eu espreito a sua passagem como o gato espreita o rato,
Com os olhos em chamas, fascinantemente vidrados.
Ao longe, ouço alguns tons de música, sons de instrumentos sintéticos e de voz arrastada.
Canções de fantasmas melancólicas, eróticas, quase realmente amedrontadoras.
Drácula deve rondar esta região nesta noite.
Que ele não me encontre nesta rua hoje (calafrio, calafrio),
Não hoje, que procuro por você. É meu dia, não o seu e não o dele.
Coloco uma das mãos frias no bolso, acendo um cigarro.
Misturo a fumaça com a bruma, liquidificando a sensação de perda.
Uma perda gasosa, heterogênea,
Onde cada parte se esvai sem pedir licença ou sem dar um aceno de adeus.
Com a fumaça se esvai meu temor e minha memória,
A não ser a sua face, esta ainda permanece comigo.
Permanece, por que preciso reencontrá-la nesta noite.
Não há vozes, não há passos, não há definitivamente Pyramid Head.
Esta cidadezinha que assombro me assombra dramaticamente.
Gela-me a espinha e sussurra-me coisas incoerentes
Em ouvidos que nem eu sei onde exatamente ficam. Time to go.
Abandono a ambiguidade do poste que me oculta.
Agradeço aos fantasmas que cantaram para mim, que embalaram a minha espera.
Resigno-me e parto. É hora de lhe caçar. É hora de lamber os dedos novamente.
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Por Raphaël Crone.
3 comentários:
Pyramid Head seria o próprio, ou seria uma outra metáfora?
Não consique achar motivos, mas adorei esse texto, Raphaël!
=]
O próprio ou o metafórico, ambos se encaixam e pensei em abos ao escrever . Obrigado, de novo, André! Sempre colaborando, sempre importante aqui!
Hum... entendi! De nada, Rafael! E Você sempre necessário!
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