quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Desejo.

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[ Lamba as minhas pernas, eu estou em chamas./ Lamba os meus lábios, eu sou o desejo./ Eu amarrarei suas pernas,/ Manterei você contra meu peito./ Não, você não está livre de mim,/ Sim, você não está livre de mim./ Eu farei você lamber minhas angústias,/ Eu vou torcer sua cabeça, diga:/ Você sabe que não está livre de mim. ] * [ PJ Harvey ]



Não quero um amor a quem eu possa espoliar,
Que faça todas as minhas vontades e que se curve ante meus vereditos.
Que me obedeça e nunca me conteste,
Que não pense ou sinta.
Não quero.
Quero um amor inteligente, que tenha desejos,
Que possa me desejar por vontade própria, que me veja como sou,
Falho e sublime. Perfeitamente incapaz de ser sozinho.
Quero um amor que me complete porque quer me completar
E não porque eu assim o quero.
Quero um amor que tenha paciência quando eu estou em crise
Quem, apesar de me magoar por vezes, eu sinta prazer em perdoar
E que mantenha sempre em vista que nenhuma tempestade furtiva significa o fim ou o desencanto,
Apenas o contratempo, que existe mesmo onde existe o maior amor do mundo.
Quero um amor humano, longe das divindades etéreas,
Um amor que me faça voar, mas que seja tão palpável que eu possa apertá-lo com a força das minhas mãos,
Um amor pleno e natural. Sentimental e prático.
Que me corrija e que me impulsione,
A quem eu possa moldar e aprender com.
Justamente por tanto querer um amor assim, eu acabei encontrando.
Felicidade de quem muito algo desejou e hoje tem.
A ciência de que eu não posso livrar-me de mim,
E que ele, da mesma forma, não pode e não quer me deixar aqui,
Independente de quão bom ou quão ruim eu seja.

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Por Raphaël Crone.

Um comentário:

André disse...

Canta para mim?

:$