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Preciso devastar-me, explodir as estruturas que me sustentam e reeguê-las,
Preciso apagar as minhas luzes.
Preciso de dinamite, de gás tóxico, de mortandade,
Para a partir daí reconstrui-me novo, como a primavera.
Preciso de amnésia, para que as lembranças possam depois brilhar.
Preciso de apatia, para que dela brote energia e vontade,
Preciso de revolta, para que da revolução nasça o armistício em mim,
Preciso de meus tratados de paz não assinados.
Quero o torpor, para que dele eu renasça lúcido,
Preciso da confusão, para que eu compreenda a sobriedade.
Preciso de retaliação, para que dela eu faça jorrar a caridade,
O egoísmo, para que dele eu arranque empatia,
Como os olhos que são arrancados em tortura vil.
Preciso de tempestades e enchentes, para que lavem os jardins murchos,
E para que o sol vindouro faça renascer as flores em mim.
Preciso de cacos quebrados, para que deles eu reconstrua meu corpo,
Preciso do temor da morte para que eu compreenda a vida,
Preciso de inanição, para que eu entenda como me fortalecer.
Sobretudo, preciso da solidão, para que aprecie a minha própria companhia,
E para que, assim, eu possa desencadear novas devastações e novos renascimentos em mim.
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Por Raphaël Crone.
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Um comentário:
Mantendo o "elástico" funcionando em todas essas nuances... É o certo!!
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