quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Honestamente Ok


[ A vida é como um sonho:/ é o acordar que nos mata. ] * [ Virginia Woolf ]
[ Eu só quero me sentir bem na minha própria pele,/ Eu só quero ser feliz de novo./ Eu só quero me sentir profunda no meu próprio mundo,/ Mas eu estou tão solitária,/ Que nem quero mais ser eu mesma. ] * [ Dido Armstrong ]


Eu ando pela minha casa,
Copo de café na mão,
Cigarro queimando entre os meus dedos,
Absorto e inconstante.
Eu tento me lembrar dos planos que eu fiz,
Mas a memória teima em não me obedecer.
Sinto o cheiro do incenso, que queima num canto da sala.
Feng-chui. Chinatown francesa.
Eu ando da cozinha para a sala
E da sala para o quarto.
Do quarto para o hall e do hall para a varanda.
Desassossego.
Desencontro interior. Saudades tuas.
Eu queria me lembrar de como eu era,
Mas eu era tão mais triste!
Por isso a tua lembrança morta ainda me mantem vivo.
Contraste sombrio.
A lembrança do teu abraço e do teu sorriso,
Hoje desprovida do antigo desejo de possessão.
Eu bebo o cigarro e fumo o café.
Me embriago de lucidez,
Para me perder embriagado durante a noite.
Meus dias sem mim.
A batida que ecoa e eu insisto em não ouvir.
A insustentável necessidade de desapego.
Minha insustentável vida,
E nenhum final.


____
Por Raphaël Crone.

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