sábado, 14 de março de 2009

Fisiologias.

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[ Cómo decir que me parte en mil/ Las esquinitas de mis huesos,/ Que han caído los esquemas de mi vida/ Ahora que todo era perfecto./ Y algo más que eso,/ Me sorbiste el seso y me decían del peso/ De este cuerpecito mío/ Que se ha convertío en río./ De este cuerpecito mío/ Que se ha convertío en río./ Me cuesta abrir los ojos/ Y lo hago poco a poco,/ No sea que aún te encuentre cerca./ Me guardo tu recuerdo/ Como el mejor secreto,/ Que dulce fue tenerte dentro./ Siempre me quedará/ La voz suave del mar,/ Volver a respirar la lluvia que caerá/ Sobre este cuerpo y mojará/ La flor que crece en mi,/ Y volver a reír/ Y cada día un instante volver a pensar en ti./ En la voz suave del mar,/ En volver a respirar la lluvia que caerá/ Sobre este cuerpo y mojará/ La flor que crece en mi,/ Y volver a reír/ Y cada día un instante volver a pensar en ti. ] * [ Bebe ]


Sem uma palavra que denuncie o ato, eu me atiro em você.
Eu me arrojo, turbilhão noturno, pensamentos longínquos,
O Lórien sentimental, pensamentos élficos.
Eu me torno fisiologia e anatomia por você. Eu me despedaço e me reconstruo.
Eu me torno em sangue e brasas,
Um caminho ardente por onde apenas você caminha.
Eu me reporto a mundos ulteriores e a verdades impenitentes,
Eu me dispo das sensações e pudores,
Eu me torno em carne nua e em verdade explícita.
Um vórtice imperioso, eu me arremesso em sua direção:
O aumento do débito cardíaco: sou sangue em muita quantidade para um minuto.
A frequência que se exarceba: taquicardia, taquicardia.
Monitorize-me urgentemente, por favor.
Às vezes penso que você me fará infartar. Que bobagem!
Eu venço a resistência periférica, eu me desvencilho dos obstáculos,
Eu chego até você. Eu venço a vida e venço a morte.
Fisiologias sentimentais, veja só.
Vasoespasmos, vasodilatação, vasoconstrição.
Sob pressão contundente, quase pontiaguda eu me atiro,
Sigo avante em sua direção. Um beijo de amor, escarlate e ácido.
Um pH menor que 7,35. Um gosto de ferrugem.
Ferro. Hemoglobina. Eritrócitos.
Eu me desvencilho da viscosidade que me envolve.
Eu me desfaço de meus elementos figurados e me torno plasma.
Eu me torno fluido, para chegar logo até você.
Sonhos fisiológicos, veja só. Não é bobagem.
Eu deixo para trás minhas hemácias, oxigenação e nutrição,
Eu deixo o que for necessário. Estou caindo.
Eu deixo meus leucócitos, minhas defesas abertamente indefesas.
Eu abandono plaquetas e princípios de coagulação.
Eu me torno em hemorragia, choque hipovolêmico,
Isquemias e necroses, eu me desfaço e me refaço por você.
Violentamente arremessado em sua direção,
Atraído por um chamado instintivamente maior que a vida e a morte.
Eu me faço volemia aumentada, ainda que sob estresse e perda.
Eu me faço mina de sangue, ainda que frente à ferida que verte e não cessa de verter.
Eu ignoro os obstáculos, ainda. Placas de ateromas, êmbolos, trombos.
Eu deixo os capilares, arteríolas, vênulas,
Eu tomo lugar nas veias cavas, aorta abdominal, torácica,
Eu chego ao seu coração e o paralizo:
Um frêmito misto de agonia e regozijo,
O palor da morte e o beijo da vida. Um minuto, dois.
Uma sístole impensada. Você vive. E eu com você. Eu me refaço, fisiologias.
Eu ignoro as dificuldades e me entrego, dia a dia.
Momento a momento, eu sigo até você e me atiro em seus braços.
Eu me faço e desfaço, eu nasço, pereço e renasço novamente.
Eu sinto o amor e me nutro dele. De você.
Eu enfrento a aventura da existência, desventuradamente perigosa.
Eu faço tudo e refaço por você. E vejo você se fazer e refazer por mim.
Fisiologias. E nada mais.

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Por Raphaël Crone.

2 comentários:

Anônimo disse...

Poema de amor com aula de anatomia humana.

As várias formas de amar (...)

Raphaël disse...

Afinal de contas, sou formado em enfermagem, ora pois . ^^