sábado, 14 de março de 2009

Halo.

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[ Para todos os lugares que olho agora/ Sou surpreendida por seu abraço./ Querido, eu posso ver sua auréola./ Você sabe que é minha graça salvadora,/ Você é tudo o que preciso e mais,/ Isso está escrito por toda sua face./ Querido, eu posso sentir sua auréola,/ Rezarei para que ela não desapareça. ] * [ Beyoncé Knowles ]

[ Eu te amo, homem,/ hoje como toda vida quis e não sabia,/ eu que já amava de extremoso amor o peixe,/ a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado,/ onde tem o desenho cômico de um peixe/ — os lábios carnudos como os de uma negra./ [...] / Eu te amo, homem,/ amo o teu coração,/ o que é, a carne de que é feito,/ amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer,/ as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos,/ os fios de tua barba. ] * [ Adélia Prado ]


Por mais que eu me esforce por achar, por mais que eu vasculhe,
Por mais que eu o procure sobre a sua cabeça,
Por mais que eu esquadrinhe por entre os seus cabelos,
Eu não consigo encontrar. Eu não acho.
Eu não consigo encontrar o seu halo, nenhuma auréola existe.
Nenhum traço de santidade ou de divina sobrehumanidade há em você.
Nenhuma promessa e nenhuma eternidade.
Você é apenas homem, perecível e sujeito a erros,
Exatamente como eu o sou.
Engraçado como isso basta para mim!
Como eu amo a sua humanidade e a sua capacidade de perecer.
Como eu não desejo nada mais que isso, nem anjo e nem deus,
Mas apenas você, sem auréola e sem mistério.
Eu o amo porque você me ama, você me escolhe a cada dia,
Mesmo sabendo que não encontrará nenhum halo por entre meus cabelos.
Apenas confiando no meu amor e na minha constância me ama.
Como poderia não amá-lo então, por minha vez?

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Por Raphaël Crone.

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