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[ É preciso estar sempre embriagado./ Aí está: eis a única questão./ Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra,/ é preciso que se embriaguem sem descanso./ Com quê?/ Com vinho, poesia ou virtude, a escolher./ Mas embriaguem-se./ E se, porventura, nos degraus de um palácio,/ sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,/ a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,/ pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,/ a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala,/ pergunte que horas são;/ e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão:/ "É hora de embriagar-se!/ Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se;/ embriaguem-se sem descanso"./ Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. ] * [ Charles Baudelaire ]
[ Viver é super difícil. O mais fundo está sempre na superfície. ] * [ Paulo Leminski ]
[ Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente. ] * [ Charles Baudelaire ]
Eu rolo na cama durante a noite.
Uma sucessão de minutos enlouquecedoramente longos.
Eu espero o alvorecer e ele tarda.
Não falha, deveras, mas tarda sobremaneira.
Eu sinto saudades ou mais que isso:
Eu sinto uma fome animal de lhe ver.
Eu sinto as minhas entranhas revirarem-se,
Eu sinto náusea psicosomática,
Eu sinto o ar faltar, dispneia misturada à costumeira apneia do sono,
Apneia do sono desperto. Eu penso em ligar.
Você trabalha agora. Não lhe importunarei.
Eu só gostaria de que o seu tom de voz fosse sempre doce
E não frio, como ele pode ser às vezes.
Eu tenho medo do frio do telefone.
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Por Raphaël Crone.
quarta-feira, 18 de março de 2009
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2 comentários:
Paranoia, dispneia e apneia - paroxítonas com ditongo aberto na sílaba tônica "ói" e "éi", que segundo as novas regras do Português não são mais acentuados.
Mas você tem ainda uns dois anos para de adaptar!
hehehe... não resisti!
Bjos, querido!
Belo texto!
Verdade . Desculpe-me .
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