sábado, 27 de abril de 2013

Vinheta Quebrante



Quando eu ouço sua voz cantando na área de serviços,
Enquanto lava roupas,
Sinto minha alma amolecer, mulher.
Sinto ela dançar.
Ela dança e rodopia, embalada pelo pensamento das suas cadeiras,
Das suas voluptuosas curvas por baixo desse vestido caseiro
E dos seus dentes de pérolas, que nem Bizet conseguiu musicar melhor.

Minh'alma dança uma vinheta quebrante, cheia de calores e ardores,
Onde cada nota tem cheiro, e cheiro da sua pele,
Cheiro dos seus cabelos loiros presos em um coque frouxo,
Cheiro de paixão que você, mulher, enfiou aqui dentro do meu peito
E que eu nunca mais, depois disso, fui capaz dali tirar.

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Por Raphaël Crone

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