terça-feira, 6 de setembro de 2016

Adentro



O problema da maioria das pessoas é que, diante dos olhos alheios, elas julgam-se com demasiada complacência. Pensam ser muito especiais e não o são. Nada, ou muito pouco, têm que as diferencie da turba. Mas, ó, mistério tão misterioso! Nem às paredes elas confessam, quando envoltas pela penumbra de sua soledade, que, de fato, são vazias e insossas e que, se tão desesperadamente tentam mostrar-se valorosas e interessantes para os outros, tudo deve-se ao imenso, supermassivo buraco negro que as engole por toda a existência. Pretendem ser rainhas e reis em seus tronos ilegítimos, mas, na verdade estão despedaçadas, sendo mastigadas por suas próprias desilusões, assim como o Cronos de Goya mastigava os seus próprios filhos em desvairada melancolia.


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