domingo, 30 de março de 2014

Medusa



Escrevo no escuro, com o luar por pálida lamparina,
Infiltrando-se por entre as cortinas semicerradas,
Um fantasma que passeia pelo céu.

O sebo das velas já se derreteu por sobre os castiçais
E o ruído melancólico da velha radiola chia e geme em um canto, ressentido.
Escrevo sob o véu da noite, tentando me desfazer da memória de você:
Medusa, que um dia transformou meu coração, ora palpitante, em pedra morta.

Donzela dos lábios rubros e das formas esguias,
Dos longos cabelos loiros e dos olhos lascivos;
Donzela a quem dediquei até o último acorde da minha guitarra.

Pérfida mulher amarga, que me deixou quando alta a noite ressonava.
Medusa, mulher de fábulas e lampejos.
Medusa - e nada mais.


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