domingo, 30 de março de 2014

Paixão



Estendo minhas mãos para te dar o vento que entra pelas minhas narinas,
Recolho-o, qual relíquia, e aprisiono-o entre meus dedos,
Pronto para depositá-lo em tuas mãos, doravante proprietária da minha fulgaz existência.

Meto a mão cá dentro do meu peito roto e de lá retiro:
Massa rubra e disforme, cujo sangue me escorre em filetes por entre a alvura das mangas:
A luz e a escuridão que carrego entrego em tuas mãos também: um coração palpitante.

Abro-me de cima abaixo e assim me eviscero,
Faço-me livro aberto, assim sendo teu de dentro para fora, para que cá dentro habites;
Para que comigo conheças o significado daquela palavra lendária e obscura: eis-la, a paixão!



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