quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Bicho.

--


A Bicho chegou em casa há uns três meses atrás,
Magrela e desengonçada, com cara de suja e doente.
Depois, descobri que ela não estava doente, mas com fome.
Nada que um banho forçado e um pouco de comida não resolvesse.
Ela é uma boa companhia, gata de rua,
Gosta de passear, sempre volta depois.
Silenciosa e terna, como toda gata de rua sabe ser.

Num desses passeios a Bicho voltou para casa prenha.
Logo desconfiei, por causa das glândulas mamárias hipertrofiadas,
Não quis muito acreditar. Bobagem!
A minha avó já havia sentenciado:
"Não quero uma gata, se ela pegar barriga, vai para a rua!"
Não que a minha avó seja a pior pessoa do mundo,
Estamos mudando de cidade, uma ninhada de gatinhos não é uma bagagem viável.

Agora a Bicho está barriguda, parece que engoliu um mamão.
Anda com as pernas abertas e tem dificuldade em comer como antes.
De vez em quando, começa a miar para o nada, agoniada
E aí eu acho que ela vai entrar em trabalho de parto. Mas não.
Está proibida de entrar em casa, porque por mais de uma vez ela já tentou se aninhar embaixo das camas.
Ela vai ser levada por uma senhora estranha, para morar em um sítio,
Vai ter seus gatinhos e cuidar deles por lá.

Vou sentir saudades da Bicho. Ela me fazia companhia.
Ela também era, indubitavelmente, uma boa parte do meu coraçãozinho juvenil.

______
Por Raphaël Crone.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ela também era, indubitavelmente, uma boa parte do meu coraçãozinho juvenil.

que lindo isso!

=]

Raphaël disse...

Engraçado, né, de quanto amor nosso coração pode ser feito e quanto amor cabe dentro dele .

Anônimo disse...

Ahhh… É muito bom isso!

Erradia vivacidade a todas as minhas extensões nervosas.