quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Por Explicação.

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{ Ou ainda [ Um Francesinho que Sofre ] . }



Esta melancolia que me acompanha.
Esta estranheza, esta profundidade.
Esta inquietude, esta solicitude,
Solidão. Soledad, mamá.
Salut vous.
Este desejo incontido, que me extravasa pelos olhos,
Esta dor cruciante que lhe afasta de mim e faz-lhe detestar-me,
Esta incompreensão. Lânguido perjurio.
Esta insistência em estar triste, mesmo quando não há motivos.
Esta necessidade de me afastar.
Recolher-me em mim mesmo, como em um útero improvisado.
Não encontro proteção em meus braços.
Não há promessa de eternidade em meu regaço,
Não há promessa de conforto e nem de consolo.
Não há feridas em minhas mãos, não sou salvador.
Esta estranha mania de estar sozinho,
Mesmo quando não me acho suficientemente companheiro.
Esta devassidão que lhe emporcalha a lembrança.
Esta necessidade imperiosa de voltar à superfície em busca de ar,
Deixando por um minuto o mundo submerso onde existo.
A necessidade de lhe enganar com o meu sorriso,
De lhe acalmar com meu o toque dos meus dedos,
De lhe impressionar com minha sabedoria insípida e inútil
E de lhe empurrar fora, como um prato onde sobeja o vazio.
Esta inquietude, esta solicitude.
Esta estranha mania, este garoto estranho.
Um francesinho, que sofre mais que os outros,
Nem que seja por submissa vontade estranha.
Estranho desejo irresistível.

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Por Raphaël Crone.

3 comentários:

Anônimo disse...

Explicações, não! Naturalmente francês, naturalmente humano, naturalmente Todo. Desejo conhecer-te em cada pormenor, descobrir-te a cada amanhecer e surpreender-me a cada dia.

Amo.

Raphaël disse...

Tuas palavras me fizeram sorrir do sorriso mais cândido, André . O sorriso da minha juventude . E mais que amo, vivo isto .

Anônimo disse...

Feliz que tenhas esboçado um sorriso, tal fantástico sorriso. Que vejo ainda, quando cerro os olhos, tão belo, tão puro, tão presente.

Da melancolia à vivacidade, amo-o.