segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Menino Verde.

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[ Eu gostaria de ser Maria, mas La Callas exige que eu me comporte com sua dignidade. ] * [ Maria Callas ]


Eu sou meus cabelos castanhos,
De tom claro e brilho intenso.
Sou o agrado que eles causam à mão que os afaga.
Eu sou o sorriso feito de coração,
Com alvos dentes alinhados.
Eu sou o menino sem camisa que corre pela rua,
Despreocupadamente, do alto dos seus 23 anos.
Eu sou a pele alva, às vezes um pouco queimada pelo Sol.
Sou a humildade e o desamparo.
E sou a majestade. Sou a força que o oprime,
O coração que nega-lhe afeto.
O corpo que nega-lhe prazer.
Sou o não que ecoa em seus ouvidos
E o sim que lhe beija ardentemente.
Tenho nome, mas ele não importa.
Tenho fome, mas ela não me devora mais.
Tenho medo, mas ele é pequeno ao meu lado.
Tenho amor, mas ele está esquecido em algum canto de mim.
Resgate-me. Simplifique-me.
Adestre-me.
Mostre-me que ainda há algo em que acreditar,
Enquanto a manhã do quinto dia não nasce.
Faça a minha escuridão valer a pena.
Seja bom para mim.

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Por Raphaël Crone.

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