segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Bhuta.


[ O que a memória ama, fica eterno./ Te amo com a memória,/ imperecível. ] * [ Adélia Prado ]

[ Não quero faca, nem queijo./ Quero a fome. ] * [ Adélia Prado ]



Rasga-me. Com teus dentes jovens, rasga a pele de meu peito.
Vampiriza-me, animália. Bhuta da Índia.
Lambe as grossas gotas de sangue que vertem de minha pele alva e lisa.
Geme, deixa-me ouvir o teu gemido,
Cheio de insaciedade e excitação.
Mata a fome que antes te devorava,
Mata-a em meu peito.
Lambe meu sangue doce e casto.
Impoluto.
O que foi sangue torna-se imortal,
Quando não mais dele necessita para viver.
Corrompe-me, para que eu seja incorruptível.
Sela tua face em minha memória,
Deixa-me vê-lo, a fim de que jamais esqueça.
Sede a minha faca e a minha fome,
Externalizados.
Sede o meu anjo de salvação.
Sede o purgatório e o limbo,
Meu ingresso ao céu.
Sede a minha overdose noradrenérgica
E a minha fascinação.
Sede minha consolação nesta noite.

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Por Raphaël Crone.

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