sexta-feira, 5 de abril de 2013

Laços de Sangue



Dizem que os laços de sangue jamais se rompem verdadeiramente;
Eles se esgarçam, fibras se rompem, tornam-se sujos e encardidos com o tempo, às vezes,
Mas o cerne jamais se arrebenta.
Hoje eu percebi que, de fato, laços de sangue resistem aos anos.
Resistem às intempéries, ao acinte, resistem à falta de diálogo e à compreensão equivocada.
Por muitos anos nós nos encontramos e nos desencontramos,
Aqui, acolá, palavras de desaprovação,
Impressões transformadas em palavras e palavras ditas sem sutilezas graciosas.
Nesta manhã ensolarada, eu, aos 30, você, aos 50, travamos uma espécie de armistício sentimental.
Não houveram desculpas e nem pretensão delas,
Mas tudo foi como quando eu tinha 5 anos e você me segurava no colo,
Como quando me levava para o trabalho para brincar com aquela máquina de escrever velha
E quando passeava comigo na garupa da bicicleta.
As veias rotas por onde derramamos nosso sangue por tanto tempo começaram a se fechar,
Nossas gotas de sangue se transformando em rios de torrentes profundas,
Onde poderemos, eu oro, afogar nossas diferenças, enfim...

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Por Raphaël Crone

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