sexta-feira, 5 de abril de 2013

Subterrâneos



Minhas palavras para você florescem dos subterrâneos da minha existência:
Trazem aroma requintado, mesmo vindo de cá dentro, do meu Hades emocional, onde repousa Eurídice prisioneira.
Minhas palavras para você são brandas e ensolaradas, assim como Perséfone o era quando ainda era simplesmente Coré, antes de engolir um simples caroço de romã.
Carregam, como significado, minhas vísceras, minhas sinapses,
Meus neurônios entorpecidos pela fumaça da sua presença.
Você é erva hidropônica para o meu juízo e quando se aproxima eu me intoxico nesse delicioso êxtase de sensações.
Quando você me encontra com as mãos estendidas, em atitude de doação, perceba que tudo o que eu lanço aos seus pés vem daqui de dentro, do lugar mais recôndito que a minha consciência tem capacidade de compreender.
O que eu te dou é aquilo que guardo na retina, atrás dos olhos, entre os pulmões e entre as pernas, que tremem assim quando te vejo.
Tudo o que insuflo em você quando nossos lábios se tocam é emoção e vida;
É alimento do meu espírito que contigo divido, qual pão e vinho,
Azeite e candeia, peixe e água,
Qual prenda minha, singela prova irrefutável de todo o meu bem-querer...

___
Por Raphaël Crone

Nenhum comentário: