sábado, 22 de novembro de 2008

Inconstância.

Se todo animal inspira ternura,
o que houve, então, com os homens?
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(Guimarães Rosa)


"Definitivamente eu não o compreendo, Raphaël.

Eu compreendi o seu pai e a sua tia,
Mas a você, eu nunca consegui compreender."
Palavras da minha avó.
Nem eu me compreendo, sendo sincero.
Alguém aí arrisca um palpite?
Compreensão pode ser para os simples. E quem não é simples?
Pode ser complexo, e complexidade rima com humanidade.
Um processo de compreender outrem pode ser muito dispendioso.
Pode ser eterno
E a eternidade não nos é garantida.

Eu gostaria de me compreender um pouco mais, de qualquer forma.
Saber porque estou tão bem e logo depois tão mal.
Porque amo e odeio com intensidades tão desmesuradas.
Porque vivo em tamanha dubiedade moral.
E ao mesmo tempo, desisto de prescrutar tais questões profanas.
Gosto-me assim, complicado, egocêntrico, neurótico e imperfeito.
Perfeição é para os fracos.
E onde está a minha força?
Eis o que eu me pergunto, em seguida, então.

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Por Raphaël Crone.

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