sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Juventude Sônica.

Se a infância estivesse aqui,
mas está como que enterrada.
Talvez seja preciso envelhecer
para poder alcançar todas essas coisas.
Acho que deve ser bom envelhecer.
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(Rainer Maria Rilke)

Eu corro.
Corro contra o tempo, corro contra as marcas de expressão.
Ainda que minha face seja tenra e meu corpo, jovem e esbelto.
Ainda que meus braços sejam fortes e minhas pernas firmes.
Eu corro.
Running away, mer boy.
Eu deveria ter medo da senilidade, mas não tenho.
Ou não admito ter.
Quando minha cabeça encanecida estiver eu deixarei de correr.
A juventude ter-se-á ido e não me obrigará a correr mais.
Caminharei então,
a espera do além-vida.
Relutante ou confiante, não sei.
Mas Cerridwen receber-me-á em seu consolo.
E eu consolado estarei da carreira
Que minha juventude me obriga a correr.
Frenética. Incansável.
Insaciável.

Não correrei mais, então.
e como os meus avós, que um dia também correram,
Apenas caminharei então.

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Por Raphaël Crone.

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