arroz, feijão, molho de batatinhas.
Mas cantava.
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(Adélia Prado)
A que me pariu abandonou-me, logo que nasci.
A mãe do meu pai me criou, então.
Incumbiu-se de tolerar os desgostos que eu daria
E de viver as minhas alegrias.
Realmente não sei o que dizer sobre minha mãe.
70 e tantos anos, baixinha, marcada por manchas de envelhecimento.
Sem muita instrução, mas sábia o bastante para ter me feito quem sou.
Trabalhadora. Incansável. Honesta.
O seu sorriso me vale o dia.
E sei que, no fim, de tudo, quando todos me deixarem,
ela estará lá por mim.
Minha mãe não é poetisa ou eloquente.
Mal sabe escrever.
Mas assim como a mãe da Adélia, ela canta.
E o seu canto ecoa dentro de mim todo o tempo.
Ele toca as cordas do meu coração.
E eu aprendo o que é amor, então.
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Por Raphaël Crone.
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